quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

A unanimidade é burra.

Janeiro começou com tudo e os brasileiros não veem a hora de chegar o Carnaval para aproveitarem mais um feriado. Esses, que também irão ficar ligados na próxima atração da TV, o Big Broder Brazil.

Produto de exportação que tomou formas e características bem brasileiras: descanço, festa, animação e a vida como ela é, já dizia Nelson Rodrigues. Se não bastasse o público se preocupar com a vida da família, amigos e conhecidos, eles se movimentam, opinam, votam e escolhem quem vai deixar a 'casa mais movimentada do País'.

Se perguntarmos para qualquer um que assiti a diversão "Qual a verdadeira origem do Big Brother?", aposto que 99% não sabe, ou afirma que é um programa vindo de fora. Eis um pouco de cultura:

"O Mundo está dominado por um regime totalitário, onde todas as liberdades são estritamente limitadas pelo Estado, principalmente a subjetividade" - esse é um resumo do livro 1984, de George Orwell. O Mundo entenda como A Casa. Regime totalitário, O programa em si. Estado, Rede Globo.

Além disso, o Regime é comandado pelo Grande Irmão (do original, Big Brother), onde todos são observados por câmeras espalhadas pela cidade e adorá-lo como senhor da vida e da morte. Pedro Bial seria este senhor de poderes e as eliminações uma alusão à morte. - veem como ambas se confundem?

Paredão, diga-se de passagem, soa muito parecido com fuzilamento.

Os livros de George Orwell mostram conflitos internos e entre os povos, que são explorados com as decisões dos personagens principais e tomando forma dentro da sociedade. Com teor de ironia, o programa global transmite exatamente o que o brasileiro quer: diversão a custa dos outros.

Para não dizer que quem escreve fala pelos cotovelos, tudo acima é uma prévia pesquisa. Eu confesso que assiti o primeiro BBB, já tinha lido e visto 1984 (pode encontrar em VHS!), conhecia o formato televisivo e tirava algumas destas conclusões.

Existem pessoas que mudam suas rotinas para acompanhar 18 personagens, trancadas em uma casa, se interagindo e, muitas vezes, desconfiadas de que realmente é ensaiado e dramatizado por completo. - para mim, é um teatro! Se não bastasse isso, apelam aos telefonemas e cliques para que o povo decida quem está fora ou não.

E quanto à publicidade em decidir quem é melhor ou pior para seu governo? E quanto à decisão de qual faculdade fazer, de crescer profissionalmente no mercado? Qual melhor escola para seu filho cursar?

Há quatro anos, ouvi um professor dizer que assiste o 'Fantástico' para ter o que conversar no almoço na segunda. Agora os fatos se repetem. Se não souber quem saiu do Big Broder, você faz parte de uma elite de excluídos, que irão sentar na mesma mesa e conversar sobre crise econômica, saúde, transporte e segurança pública, maridos e mulheres.

Chato? Talvez. Pelo menos, você não é influenciado pela unanimidade, ou seja, é mais esperto.